A cortina atirantada é um método de contenção de taludes instáveis ou maciços oriundos de escavações, com o objetivo de resistir aos esforços de empuxo do solo, impedindo a desabamento ou deslizamento. Podendo ser executada de forma provisória ou definitiva, com monobarras ou cordoalhas, a cortina atirantada apresenta a vantagem de poder ser projetada independentemente da altura do talude, o que tornaria inviável outras metodologias de contenção à depender do desnível a ser vencido. Outro destaque da técnica de tirantes se deve à sua metodologia executiva, uma vez que sua execução se dá em pequenos trechos alternados e acompanhando a escavação até que se complete a área necessária para conter o maciço.

Sistema de Estabilização

A estabilidade da cortina atirantada é obtida pelas tensões induzidas na etapa de protensão, onde os tirantes são tracionados por meio de macacos hidráulicos até a carga definida em projeto, que será responsável por resistir aos esforços de empuxo e garantir a estabilidade do maciço. Além disso, a cortina em si pode ser confeccionada por placas de concreto armado, parede diafragma, estacas-prancha, estacas raiz e perfis metálicos intercalados, concreto armado moldado in loco ou o concreto projetado.

Paramento de Concreto

Ao contrário do que ocorre no Solo Grampeado, o paramento de concreto deve ser dimensionado para resistir aos esforços de puncionamento resultantes da etapa de protensão, justificando espessuras maiores, da ordem de 30 à 50 cm nos nichos dos tirantes e até 20 cm nos demais trechos, dependendo das cargas a serem aplicadas.

A tecnologia de projeção de concreto por via úmida fluxo denso garante rapidez e simplicidade de execução. A projeção é realizada contra o próprio talude, sem necessidade de montagem de fôrmas, e imediatamente após o grampeamento do solo, antes da nova etapa de escavação do terreno de modo a evitar possíveis erosões e solapamentos de terra. Além disso, a aplicação, adensamento e acabamento do concreto são feitos em em uma única operação.

No caso do concreto projetado por via úmida fluxo denso, o concreto já vem da usina com a correta relação A/C. Além disso, o traço característico do concreto projetado (baixo slump e elevado ganho de resistência nos primeiros dias) e a elevada velocidade de lançamento (alta compacidade) garantem a solidez estrutural do sistema e a obtenção de um concreto com menor permeabilidade e maior homogeneidade, resultando em uma estrutura com maior durabilidade e baixa manutenção. Isto somado a sua elevada produtividade e baixa reflexão em comparação a métodos similares (via seca e semi-úmido), garantem a otimização da obra e uma maior relação custo-benefício.

Sistema de Drenagem

Em caso de solos suscetíveis a umidade ou próximos a afloramentos e minas d’água, deve-se realizar um sistema de drenagem que constitui um elemento fundamental no planejamento e execução da cortina atirantada. Em solos sujeitos a umidade devido à percolação de águas pluviais ou residuais, são comumente empregados drenos superficiais constituídos por barbacãs ou drenos verticais (fitas/mantas fibro-químicas) para evitar o acúmulo de água atrás no paramento de concreto. Em caso de solos saturados ou próximos a afloramentos de água, são utilizados drenos subhorizontais profundos (DHP’s) para captação direta e direcionamento da água do maciço.

Preparo do terreno

A execução da cortina atirantada em encostas e taludes é realizada por etapas, podendo ser feita através do corte do terreno, de acordo com a resistência do solo, ou seguindo a conformação original do maciço, após a limpeza da superfície e remoção da vegetação existente.

Perfuração e injeção de calda de cimento

Após a preparação do terreno é realizada a perfuração do maciço utilizando-se equipamentos leves e portáteis de acordo com as características do solo. Em seguida, são instalados os tirantes que podem ser constituidos por monobarras ou um conjunto de cordoalhas, cuja definição fica à cargo do projetista. Os tirantes previamente são devidamente preparados com acessórios plásticos (espaçadores, tubos de polietileno, espaguetões e tubos de PVC) que permitem a execução das injeções de calda de cimento nos trechos determinados em projeto.

Concretagem

Finalizado o processo de injeção é instalado o sistema de drenagem e fixada a armadura, geralmente composta por telas de aço eletrosoldadas com reforço nos nichos dos tirantes. Nessa etapa, é feita a aplicação do concreto projetado por via úmida fluxo denso com acabamento chapiscado, sarrafeado ou desempenado nas espessuras definidas em projeto.

Protensão

Após a cura do bulbo e da concretagem (em caso de parede de concreto), é feita a protensão dos tirantes, por meio de equipamentos específicos, os macacos hidráulicos, por meio do qual os tirantes são tracionados até atingir a carga definida em projeto. Posteriormente, fixa-se sua extremidade ao concreto por meio de acessórios como placas, porcas ou cunhas.

• Dinamismo na execução da obra;
• Execução em locais de difícil acesso;
• Método seguro e maior vida útil;
• Sem restrição de desníveis a serem vencidos.